domingo, 30 de maio de 2010

Alice no país da tecnologia

Nesta edição da revista Aurora do NEAMP-PUC coordenado por Miguel Chaia tem uma critica minha sobre Alice no País das Maravilhas do Tim Burton. Esta edição de maio é totalmente dedicada a novas mídias.

http://www.pucsp.br/revistaaurora/ed8_v_maio_2010/

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nosferatu no Brasil

Hélio Oiticica e Ivan Cardoso tinham a idéia de fazer cinema de terror no Brasil, trazer o trash,o underground para a estética brasilis. Cardoso realiza este desejo através de seu filme super oitista, Nosferatu no Brasil, de 1971. Torquato Neto interpreta o famoso vampiro nesta versão pop e divertida.
Dividido em duas partes, o filme foca as andanças de Nosferatu à procura de suas vítimas. O personagem flana pelos espaços,perdido, com foco apenas no sangue,ou seria no sexo?Afinal todas as presas são mulheres sensuais e as pulsões de sexo e morte andam sempre juntas, ao contrário dos vampiros atuais representados de forma sedutoras,lindos, Nosferatu é feio, tosco com sua capa de fantasia,mas é bom de lábia, malandragem carioca adquirida com sua estadia na Cidade Maravilhosa.
Filme mudo, Nosferatu no Brasil narra através de imagens e alguns poucos letreiros que apenas situam o personagem no tempo. Começa em p&b no século XIX com o vampiro tentando seduzir uma garota e sendo descartado, neste caso ele terá de suar literalmente atrás de sua presa, ele a persegue,correndo por um jardim de maneira desajeitada até agarrá-la. No outro momento do filme,já passando férias no Brasil da década de 70, onde as cores explodem na tela, Nosferatu começa a entender a ginga brasileira, e aos poucos ao invés de perseguir vai conquistando suas mulheres,comendo uma a uma para terminar sua estadia rodiado por vamps numa cena de bacanal.
Ivan Cardoso faz um filme cheio de referencias pops, quadrinhos,filmes B de terror, trilha rock´n´roll e jovem guarda, toda esta "geléia geral" como diria Torquato Neto traduzida na malandragem e ginga carioca, ao invés do vampiro que sofre por sua amada, este Nosferatu conquista todas.
O Super 8 afirma a estética tosca sem orçamento, tudo é precário,os letreiros escritos à mão,os atores são os amigos, o figurino comprado em loja de fantasia,o sangue catchup, as locações são externas, as ruas,mostrar o cotidiano daquela cidade. Cardoso e Oiticica tiveram uma grande idéia para solucionar o problema de fazer um filme de vampiro sem orçamento,ou seja sem condições tecnicas de se filmar à noite,assumiram a luz estourada da manhã carioca e apenas adicionaram um letreiro : onde está dia ve-se noite. Apelam assim para a imaginação do espectador, é um filme ludico, uma brincadeira, e retiram do cinema a aurea do real.