quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Os Melhores da Década
domingo, 12 de dezembro de 2010
Machate
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Um Quarto em Roma
Tudo para ser um bom filme certo?Pois Um Quarto em Roma falha miseravelmente. Um colcha de conflitos entre uma cena de sexo e outra não consegue dar peso ao filme,existe uma tendencia em aprofundar o drama,como se em cada momento as duas mulheres se enredassem mais,entretanto só é sugerido pois as ações continuam superficiais,sexo e mais sexo,pausa para uma conversa rápida e mais sexo. Tudo isto permeado de péssimo mau gosto na escolha de uma trilha sonora exagerada que pontua nos momentos errados dando um tom comico a tudo aquilo,uma camera afetada que procura sempre os enquadramentos mais estéticos mas muito gratuito,sem que haja um porque realmente cinematograficamente.Soma-se a tudo isto uma conversa sem pé nem cabeça sobre a Historia de Roma e dos Gregos.
No final me pareceu um comercial mal feito da Microsoft,pois tudo gira em torno do site de busca deles,o bing,que torna o elo de ambas com o mundo real e consequentemente com suas histórias "reais".
domingo, 28 de novembro de 2010
Voce Vai Encontrar o Homem dos seus Sonhos
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
The Kids Are All Right
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Sonho de Duas Passagens
sábado, 30 de outubro de 2010
Metropolis
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Tropa de Elite 2
domingo, 17 de outubro de 2010
Como Esquecer
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Eu Matei Minha Mãe
sábado, 18 de setembro de 2010
Reflexões de um Liquidificador
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
O terceiro mundo vai explodir... E só as baratas sobrarão!
A questão da linha tênue que divide os campos do documentário e da ficção é um assunto recorrente ao se tratar de um filme considerado como um documentário de animação, como é o caso do premiado curta-metragem “Dossiê Rê Bordosa” (2008), do diretor brasileiro César Cabral.
O cineasta trabalha de maneira inusitada e criativa a narrativa, invertendo o que seria uma entrevista comumente empregada nos documentários em um depoimento típico do gênero policial de ficção. O gênero de entrevista tornou-se quase que uma premissa narrativa no documentário contemporâneo, principalmente entre os brasileiros. Nesse contexto, muitos cineastas a trabalham de forma inventiva, até mesmo a contestando ou mesmo subvertendo sua fórmula.
O documentário animado vem ganhando espaço nos últimos anos, não só por experimentar na forma, mas também inovando na própria linguagem do documentário. Só para citar, temos os conhecidos longas “Persépolis” (2007), da cineasta e quadrinista iraniana Marjorie Satrapi (baseado em sua HQ homônima); “Valsa com Bashir” (2008) do israelense Ari Folman, sendo que ambos partem de narrativas biográficas. No que diz respeito aos curtas e sua maior liberdade para experimentações, temos um ótimo exemplo brasileiro de “O Divino, de repente” (2009), que vem colecionando prêmios nos festivais.
Com um tom investigativo, “Rê Bordosa” colhe depoimentos de personagens reais, que são substituídos ao final por bonecos de massinha filmados com a ótima técnica de stop motion. Mais do que pensar no conteúdo da história que nos é contada, “Rê Bordosa” nos presenteia com uma forma muito bem elaborada do como essa se desenrola.
Influenciado por diversos elementos importantes na história de nosso cinema, seu mote é investigar o assassinato da famosa personagem fictícia das “tirinhas” brasileiras (que dá titulo ao filme) em 1987 – em seu auge de popularidade – por seu criador: o cartunista Angeli. O filme se estrutura através de entrevistas realizadas com o próprio Angeli e com pessoas que conviviam com o mesmo naquela época, além de reconstituições que rememoravam o caso, para tentar desvendar o crime.
A narração em voz off tem uma referência clara ao cinema marginal paulista dos anos 1960 (por sua vez influenciado pelos programas policiais da rádio nos anos 1950), mais especificamente ao “Bandido da Luz Vermelha” de Rogério Sganzerla. O underground paulistano do clássico marginal cai muito bem nesse diálogo com o submundo dos anos 80 característico das histórias e personagens de Angeli, sabiamente transposto para a misé-en-scene de “Rê Bordosa”.
Há uma sequência dedicada ao personagem Bob Cuspe – testemunha ocular do crime – em que a personagem (tratada aqui do mesmo modo que as personagens reais) ao narrar os fatos testemunhados, tem sua memória ativada e vemos a reconstituição do assassinato: um cenário soturno e literalmente do submundo, onde Bob transita pelos esgotos da cidade sob uma trilha punk bem periférica, num clima de cinema noir decadente.
Se o crime foi desvendado pelos investigadores, nada sabemos, mas podemos dizer que a animação empregada como recurso estético deste que é mais que um documentário, foi a melhor opção e, mais que isso, a principal atração desse bem realizado curta.
domingo, 5 de setembro de 2010
REC 2
Em 1999 os responsáveis por a Bruxa de Blair assombraram publico e industria com um filme barato e com belo marketing. A idéia era realmente genial,aproveitar o uso cada vez mais comum de cameras de video caseiras para fazer um filme de terror,ou melhor um documentário,pois todas as imagens foram gravadas pelos personagens e toda trama foi feita como um registro real de algo muito macabro que teria acontecido numa floresta norte-americana. Florestas já são assustadoras por si por serem o local das forças da natureza,do desconhecido,onde o homem não tem o controle,junte cenas de pavor de algo que nunca tomar forma,nunca se manifesta na frente da camera,sendo mera sugestão e voi lá,temos um ótimo filme. Alguns anos mais tarde, a industria cinematográfica retoma a idéia original de registro pensando agora no boom da internet e documentaçao exaustiva na rede, o que não está no youtube,não existe,já está sentenciado. A partir desta premissa e voltando-se para a experiencia bem sucedida do final dos anos 90,os filmes de terror começam a sair da ficçao para quererem-se reais,ou seja o sobrenatural não mais como parte da fantasia,mas como algo possível,o que por si só já seria assustador,afinal é o grande medo,saber que o Mal não é apenas história da carochinha. Rec 2 faz parte desta leva de longas de terror.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
No balanço do cineasta
Quem é Roberto Kelly? Um sambista apresentador de programa de TV?
Quem é André Weller? Um cineasta sambista?
O que isso importa? Sinta o balanço da música. Deixe o gingado inusitado do piano te levar...
A conversa ritmada entre o cineasta-músico e o músico-apresentador acontece no palco de um teatro vazio. E é atrás de um piano (e não de uma tão tradicional mesa de bar) que o diálogo falado/cantado se desenrola no filme “No balanço de Kelly”, do carioca André Weller.
Em meio à profusão de produções documentais nacionais sobre músicos de nossa canção, eis que ainda há fôlego (vindo diretamente do diafragma) para a criatividade. Criatividade esta que acontece simples assim: basta seguir a música...
O documentário aqui poderia ser mais um dentre tantos outros musicais, mas o diretor o rege de tal forma a deixá-lo leve, aliás, muito na cadência de seu personagem, que até ensaia um diálogo com a câmera, tal como o fazia nos tempos áureos de seu programa televisivo especializado no carnaval carioca.
Hey! Mas atenção! Se você quer fazer documentário musical no Brasil, pegue logo seu músico ou banda, pois logo todos terão seu filme e daí o tema acaba!
Ah o Rio de Janeiro em tempo de carnaval! O povo em êxtase toma as ruas a cantar as marchinhas de todo o sempre... E naquele tempo em que homem não podia ter cabelo comprido, o garçom cabeludo entrega “de bandeja” à inspiração para a marchinha do criativo Roberto Kelly... Será que ele é?
Pois é, meu irmão, a propósito, aquela canção do início é de Noel Rosa!
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Dois Mundos
Antes de começar a escrever este texto fecho os olhos e me deixo ser levada pelos sons que tomam conta deste sábado calmo. Um passarinho em alguma arvora próxima pia, alguns carros passam na rua,uma moto com o motor desregulado faz um barulho insuportável, longe consigo distinguir um ônibus,minha mãe mexe em alguma coisa na cozinha,nos talheres provavelmente por causa do barulho,metálico, meu pai passou no corredor arrastando seus chinelos,som arrastado,como vento baixinho e agora a TV está ligada,parece uma melodia,estaria meu pai vendo um de seus filmes de cowboy?ou seria apenas Tom e Jerry? Você lendo o texto, experimente esta sensação, ouça o que esta ao seu redor,e agora imagine e se todo este barulho desaparecesse? E se só te restasse o silencio?
“Dois Mundos” retrata o universo dos surdos, não é um documentário de imagens,mas de sons,sinestésico. A diretora Thereza Jessouroun explora de maneira inventiva o seu objeto,o ouvir. Já de inicio,nos causa estranheza o som altíssimo da projeção,amplificado ele dói aos ouvidos,atordoa um pouco. Gostaria que fosse um pouco mais baixo,penso eu num primeiro momento,mas quem já teve até uma leve inflamação no ouvido sabe que dentro de locais fechados cria-se como se fosse um vácuo, o som é abafado, e sendo mais baixo,conseguiriam ouvir ao documentário as pessoas com problemas auditivos?Na fila para a sessão noto na minha frente um grupo conversando em libras,um papo animado pelas expressões e pela velocidade de seus gestos,uma conversa silenciosa, fiquei imaginando como seria ir ao cinema e não ouvir nada,qual a percepção de um filme,todo construído para o uso do som sem este ,as imagens por si só e os atores bastam?
Neste documentário não, a presença do som é onipresente, alto, abafado,eco,todas as maneiras de se ouvir e se sentir o barulho, pois quem é surdo pode não ouvir aquilo que está sendo escutado pela maioria,mas ele sente,afinal som não são ondas propagadas no espaço?Ele vibra,eles sentem a vibração,coisa que nós ouvintes perdemos um pouco a sensibilidade de perceber, Thereza coloca a sala de exibição para vibrar com a chegada de um metro na estação,com a musica alta de uma discoteca.
Partindo de vários depoimentos de jovens surdos, a diretora cria um panorama rico de impressões deste mundo,como cada um se relaciona com o silencio e com o barulho quando com o aparelho,como cada um ouve.Eles ouvem diferentemente,os sons não são tão claros,as vezes os menores sons não são captados,mas nós ouvintes captamos, estamos abertos para estas pequenas coisas? Uma das garotas disse que ficou maravilhada em saber que seus passos na areia produziam barulho,podemos ouvir nossas próprias pegadas,quantas vezes você ouviu o barulho de seus pés? A mesma entrevistada relatou que por viver no silencio inventava os sons das coisas. O poeta Manoel de Barros diz que “tudo que não invento não existe”,ela inventou o mundo a sua maneira,preencheu lacunas,o som existe como nós o percebemos,o mundo existe a nossa maneira.
“Dois Mundos” não trata de maneira complacente os surdos, não os transforma em vitimas, eles vêem,ouvem o mundo de outra maneira,nem pior,nem melhor,apenas diferente. E se por algum momento o espectador ficar tentado a se compadecer do grupo,muitos deles nos lembram que ouvir excessivamente,tudo, a todo momento,sem trégua pode ser desgastante, “meditar” um pouquinho,ou seja retirar o aparelho e se apartar do mundo sonoro, pode ser muitas vezes algo revigorante. É verdade,enquanto termino este texto,um carro pára em baixo da minha janela com o som alto, sou obrigada a ouvir funk e sertanejo contra minha vontade,o passarinho em alguma arvore próxima silencia, e sou deixada com este barulho nada agradável.
Chyntia ainda tem as chaves
O filme de Gonzalo Tobal é delicado e assertivo. Cynthia ainda permanece com as chaves do apartamento que dividia com o namorado e se aproveita deste fato para passar seus dias em companhia de suas memórias de uma vida feliz. Perdeu-se de si mesma, sua vida foi interrompida com a separação e portanto se apega com afinco àquele espaço ausente de vida a dois,mas que para ela representa seu amado e seus momentos. Cozinha,ouve,musica, dorme, usa as roupas do namorado, e tudo isto com o cuidado de apagar sua existência naquele apartamento,traz a comida que cozinha,os produtos de limpeza ,arruma a cama como a encontrou. Cynthia é como um fantasma,uma sombra.
Absolutamente tudo no curta corrobora para a sensação de deserto que a personagem tem em si, o silencio, a musica melancólica do Smith, os planos abertos que transformam o apartamento em um local muito maior e Cynthia em algo pequeno se esforçando para ocupá-lo. O vermelho presente nela contrasta com as cores frias do espaço. Quanto amor desperdiçado,diz ela em determinado momento.
Entretanto algo incomoda no curta, não é porque Cynthia está melancólica,desgostosa da vida que a personagem não deve ter vida. Minha professora de interpretação costumava dizer que a personagem pode estar triste,a a triz não. É justamente o que ocorre. Falta presença cênica, tudo é esmaecido, os gestos são fracos, os silêncios muitas vezes vazios,não se sustentam. A cena em que prepara a comida,em que corta os pimentões carece de força, suas mãos estão como mortas ao segurar a faca,ao cortá-los , e saberemos ao final do filme a força e a importância que este jantar tem na sua vida. Sua voz é monocórdia, um problema já que a personagem assume a câmera desde o começo,estabelece um monologo conosco de fato, o tom melancólico faz com que o filme perca um pouco das nuances.
Aqui se coloca um problema longe de ser exclusividade de “Cynthia ainda tem as chaves”,com o orçamento enxuto e tempo de filmagem idem, é preciso se perguntar até onde os curtas conseguem bom elenco e tempo para prepará-lo,e se isto muitas vezes não acaba por prejudicar um bom filme. Como resolver este dilema é algo a se pensar uma vez que o curta tem todo um caráter experimental que se perde com os caros longas metragens.Entretanto com um roteiro tão fantástico como este, Gonzalo Tobal poderia apresentá-lo a qualquer atriz que com certeza toparia na hora. Quem não gostaria de ganhar um presente destes?
Festival Internacional de Curtas Metragens
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Festival Internacional de Curtas
Vale a pena conferir todo o site da Kino e dá um giro pelo festival http://www.kinoforum.org.br/
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Mary and Max
Adam Elliot é o artista multifacetado responsável pelo longa,além de produtor,é o roteirista,diretor e designer dos personagens. Como é colocado no site do filme, diretor e sua equipe tem como referencia alguns fotógrafos para compor a atmosfera da história. Nova York de Max é preta e branca,bem contrastada,fria e triste. A Austrália de Mary é toda em tons de marrom,sua cor favorita, sem vida,apagada. A única cor viva presente em objetos muito específicos é o vermelho,o elo de ligação entre os dois,em raros momentos a paleta de cores de cada um invade a do outro,um pouco de cada mundo que se encontra.
O filme narrado em off começa contando um pouco de cada,de seus gostos,mas ainda é algo impessoal,não aprofunda nos personagens, iremos descobrindo mais da dupla com o estreitamento da amizade,somos cumplices desta jornada, e assim observamos como esta relação os afeta profundamente,os transformando,entretanto a essencia de cada um permanece até o fim,aquilo que os fez continuar a escrever por longos anos.
Num primeiro momento pode parecer um filme melancólico pelo isolamento de ambos,pela dificuldade de adaptação ao mundo exterior,mas ao continuarem o diálogo e se apegarem um ao outro eles lançam base para a consolidação de uma amizade e como tal feita de altos e baixos e que os joga no mundo real,com tudo de bom e de ruim que possa ter.
Para deixar o longa ainda mais interessante o diretor contou com atores renomados para dublagem, Phillip Seymor e Tony Colette dão vida a dupla protagonista lhes conferindo um aprofundamento cenico muito dificil de se ver em animação.
Mary and Max faz qualquer um sair do cinema pensando seriamente em escrever uma carta para o primeiro estranho que lhe cruzar o caminho.
sábado, 7 de agosto de 2010
A Prova de Morte
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Dzi Croquettes
terça-feira, 13 de julho de 2010
Le Petit Nicolas
Basedo nas histórias de mesmo nome, de autoria de René Gosciny ( mesmo autor de Asterix) e desenhos de Jean Jacques Sampé, o filme conta as aventuras de Nicolas e seus amigos na França da década de 50.
O longa se assemelha a Amelie Poulin pela fotografia vibrante e pelo tom da narrativa que cria uma atmosfera onírica,mas ultrapassa o filme conterraneo pelos tipos criados, existe algo de felliniano nos personagens, engraçados, desenhos materializados,às vezes exagerados. Dentro da sala de aula cada um desempenha um papel,o nerd,o desatento,o rico mimado,o gordinho,todos muito caracterizados,já o próprio Nicolas é um garoto comum,tranquilo,sem qualquer caracteristica muito marcada. Ele é o narrador da história, sua posição mais naturalista em relação aos demais pode ser vista como memórias de sua infancia,nós tendemos a nos ver de maneira neutra e aumentamos as características dos que estão em nosso entorno. Assistindo ao filme quem não consegue identificar em seus próprios arquivos muitos daqueles tipos?
A realidade infantil é mágica, coisas muito banais para adultos causam grande espanto e maravilhamento por parte dos pequenos,nada é impossível. Seria mais interessante utilizar a expressão realidade expandida, capaz de enxergar as pequenas belezas do mundo, do que fantasia para se referir ao universo infantil,pois nada é inventado para eles,tudo é muito real.Uma das cenas que explora de maneira muito divertida este universo é quando Nicolas e seus amigos tem uma idéia brilhante para conseguir um dinheiro que necessitam. Um deles aparece com um gibi com a primeira história de Asterix, a pequena aldeia dos gauleses resiste aos numerosos e poderosos romanos graças à poção mágica de Panoramix.Eles retiram o elemento de ficção dos livros e o transportam para o mundo real,criam eles proprios a famosa poção e a vendem; para mostrar que funciona elegem um menino franzino como exemplo,ele bebe o liquido e os garotos pedem para que levante a combi abandonada alguns metros dele,o que o garotinho e seus amigos não sabem é que Nicolas e seu grupo colocaram muitos pesos pendurados do outro lado do carro,não visivel para platéia,qualquer empurrão destabilizaria o automóvel e ele tombaria,é exatamente o que acontece. O feito extraordinário faz com que muitas crianças procurem o bando para adquirir também sua força. Os que tomam a poção tem certeza que são tão invenciveis quanto Axterix e sua aldeia.
Leve,ironico e inteligente Le Petit Nicolas é um filme que serve bem a todas as idades,uma boa alternativa à medíocridade que muitas vezes as crianças são expostas.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Guerra ao Terror
A camera digital na mão lhe confere um ar de documentário,não quer como os caros longas de guerra espetacularizar o conflito,mas sim mostrar o lado humano dos soldados que cumprem sua missão. Se deter naqueles que vão para o campo de batalha não é nada novo, temos pelo menos meia duzia de filmes sobre Vietnã que se detém sobre este assunto,o próprio conflito no Iraque serviu para alguns longas com este tema como Soldado Anonimo,mas ao contrário dos desarmadores de bombas que enfrentam uma dura rotina dia a dia, estes ficaram um uma espera eterna pelo combate. Séries de tv norte-americanas também trataram de maneira mais profunda ou superficial a dureza de ser um combatente,os efeitos psicológicos provocados naqueles que tem suas vidas ameaçadas a cada segundo e como é a adaptação à vida comum. Trata-se de um assunto polemico,com consequencias devastadoras para a sociedade norte-americana e é legitimo que queiram esgotar o assunto.
O roteiro tem seu ponto forte em deixar explícito a tensão constante daqueles soldados que são mandados para o outro lado do Oceano em nome de uma democracia,mas são visto como inimigos por toda a população e pior, veem naqueles que devem proteger o inimigo em potencial. Estão no Iraque pelos Iraquianos,mas tem medo,não exergam particularidades,apenas generalizam. Qualquer movimento em falso pode custar a vida. Uma sequencia que demonstra a complexa relação entre os dois lados é quando chamados para desativar uma bomba,os tres soldados levam junto um coronel médico que não está acostumado ao campo de batalha, enquanto os subalternos entram no prédio tensos para desativar mais bombas,a alta patente fica do lado de fora conversando cordialmente com os nativos e pede para que eles saiam do raio de ação do exército pois pode ser perigoso,sua atitude é oposta a de todos os soldados ao longo do filme que já ameaçam com suas metralhadoras qualquer um que se aproxime, sua recompensa em tratar bem os iraquianos é explodir devido a uma bomba caseira deixada pelos homens. Isolada a cena pode parecer propaganda pró ocupação, todos os iraquianos são maus,mas dentro do contexto narrativo deixa toda a situação mais embolada.
O longa perde pontos justamente por causa do personagem principal, o típico "white trash",sem lugar na sociedade americana, é a versão século XXI dos cowboys,durão, pronto para briga e "gente boa",vive da adrenalina e como não tem nada a perder é o soldado ideal para uma guerra.
Sim trata-se de uma crítica contudente ao "american way of life",o sol não é para todos e são estes que por não terem nada a perder arriscarão suas vidas. Entretanto ao final do filme o discurso politico vai ganhando mais peso do que o cinematográfico e acaba por diminuir sua força.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
A mulher de todos
Documentário
Se Sganzerla dará um pouco mais tarde uma entrevista dizendo ser preciso destruir Godard neste filme o cineasta frances é referencia,no flanar da camera, no consumo de notícias e cultura pop pelos dois personagens amigos,no carater predominate discursivo do curta.
Um registro da metade da década de 60 brasileira,da juventude um pouco perdida que ve a revolução como maneira de evitar o tédio,que não ve o cinema como manifesto político ( um dos personagens diz que o cinema italiano já era) mas uma maneira de se expressar,não importa se com recursos ou não.
O que conta conclui um dos garotos é o que está na tela.
Ocupação Rogério Sganzerla
O Cenas Escolhidas fará um breve relato dos filmes exibidos na mostra.
domingo, 30 de maio de 2010
Alice no país da tecnologia
http://www.pucsp.br/revistaaurora/ed8_v_maio_2010/
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Nosferatu no Brasil
domingo, 11 de abril de 2010
O Esplendor do Martírio
Esplendor do Martírio é de 1974, ano da “lenta,gradual e segura” abertura política do general Geisel,uma promessa frente às barbaridades do AI5 mas que se revela neste primeiro momento um desastre pois a linha dura não cede,e sim aumenta o cerco. Pirotecnia do governo?Em uma das primeiras cenas Péo filma um negro vestido de forma extravagante cercado por alguns populares, ele cospe fogo e se contorce, seu combustível está em uma garrafa de Coca-Cola,ela merece um close, por que não?Estamos já bem acostumados a cultura norte-americana, para o bem e para o mau ( a CIA não foi braço direito e esquerdo das ditaduras latino-americanas, com medo da influencia cubana?). Faz alguns anos que Caetano Veloso tomou sua Coca- Cola e sua alegria de cores foi-se embora. Os tempos são outros, sobrou o vazio, das ruas,da esperança, dos projetos. Muitos foram para o exílio,outros ficaram e sofreram na própria carne, seriam mártires?Temos nosso personagem herói, muito magro, de cabelos longos,como Cristo, e vestido todo de vermelho ( cor do sangue,cor do inimigo comunista), ele vaga pela cidade fantasma,dança com sua arquitetura. Uma garota abre cartas, um punhal e uma luva militar,cada um de um lado da linha desenhada com tinta branca da avenida. Seria este seu destino,a luta?Ele o encontra em um ato solitário e simbólico. De frente para praia existe uma estátua, a mesma que aparece alguns takes antes em um jornal onde se lê “monumento ao herói”.Monumentação da História. Quem detém o poder cria imagens oficiais, a Verdade. No caso de uma ditadura militar é preciso se perguntar que herói está sendo construído.Se o herói representa um ideal,que ideal é este a ser perpetuado por uma estátua na orla ? Algo que entra em choque com os ideais do herói do filme. Sozinho ele ataca o monumento de forma quixotesca, mas ao invés de parecer violento, se assemelha mais com um ritual,uma dança em volta da figura branca, a câmera acompanha como observador a luta, em câmera lenta vemos o herói se debater contra o monumento depois contra um guarda que vela pela integridade da figura. Ele é preso e levado por uma viatura, poucos transeuntes assistem a cena. O herói e o anti-herói, quem é quem neste jogo de cenas?
Péo termina seu Esplendor do Martírio com cenas de flores, carregadas pela jovem cartomante, e jogadas em um espaço com papéis escritos. Remetem à sepultura. “For long you live and high you fly, but only if you ride the tide, and balanced on the biggest wave, you race towards a early grave”. Um trecho de Breathe, música do album Dark Side of the Moon, que toca inteira no filme juntamente com outra faixa do mesmo disco, Money. Elas criam o clima do curta, pontuam, a sensação de psicodelia criada pela musica juntamente com imagens em câmera lenta ou que esgarçam o tempo nos dão uma noção de irrealidade em algo muito real, a ditadura. Sabendo que os filmes de super 8mm são registros do cotidiano, atos performáticos, é impossível não ficar incomodado com a prisão do jovem pois não se trata se uma cena fictícia, alguém foi preso de verdade. Neste momento somos confrontados com a realidade e as flores logo a seguir dão um tom melancólico à dança ritualística das imagens e do herói. A ultima cena,uma provocação, escrito em letras de forma ONDE VOCE ESTÁ?
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Os Inquilinos
Em uma casa temos a “família de bem”, o chefe de família honesto e trabalhador com dois filhos, na casa ao lado novos vizinhos, jovens e arruaceiros. O longa se passa no mesmo período quando ocorreram os ataques do PCC em São Paulo, 2006,mas aqui a facção recebe o nome de Partido, dando margem a ambigüidade de seu propósito.Quem estava na capital paulista durante o período sabe o terror infligido pelos criminosos a população, principalmente na periferia onde os ataques foram piores, é este clima de medo e insegurança que Bianchi quer explorar na dualidade entre os vizinhos. A família morre de medo da favela, tão perto fisicamente de seu bairro, invadir de fato suas vidas e os novos moradores vindos de lá tornam esta ameaça mais concreta.
Os Inquilinos caminha bem enquanto o terror de ter ao lado possíveis marginais é apenas uma suspeita. Vemos Walter, o patriarca, definhando cada vez mais por não saber como poderá proteger sua família de um perigo tão eminente,por ser tão impotente frente a realidade violenta que o cerca. O espectador se coloca em seu lugar, a duvida crescente sobre a segurança da casa torna-se a do publico, o medo de não reconhecer o outro,de não identificar quem mora ao lado. Entretanto esta realidade hiper aumentada pelas lacunas deixadas pelo roteiro na primeira metade da trama dissipa-se quando descobrimos que sim, os vizinhos são uma ameaça real. A partir deste momento a boa discussão sobre como a cidade grande e o abismo social não permite o contato com o outro perde sentido e torna-se a crônica de uma tragédia anunciada.
Soma-se os clichês abundantes como a cena em que Walter urina em torno de seu muro enquanto olha para seu cachorro,ou o personagem de Caio Blat como alter-ego do diretor, dando voz as mazelas da periferia.
Bianchi tem uma boa idéia, entretanto é incapaz de deixar de lado a verborragia.
domingo, 21 de março de 2010
A Single Man
sexta-feira, 19 de março de 2010
A Fita Branca
domingo, 7 de março de 2010
A serious man
Larry é um professor universitário que se vê no meio de um turbilhão profissional e pessoal, absolutamente tudo dá errado em sua vida, o que faria qualquer ser humano comum entrar em colapso e cometer algumas loucuras,mas não ele. Como um Jó contemporaneo ele "aceita" as agruras e continua tentando ao menos tocar a vida, e se no Antigo Testamento Deus devolve em dobro tudo que retirou do pobre fiel, aqui os Cohen cinicamente apontam que não há saída.
Além da boa exploração de planos,edição que criam efeito comico nas cenas mais banais, o casting e o trabalho de atores são expetaculares. Os irmãos criam tipos deliciosos que só a simples aparição já vale uma gargalhada. É a velha história de que ninguem pode tirar sarro de voce mais do que voce mesmo, e os dois mergulham fundo no "esteriótipo" judeu. Ponto também para a direção de arte e figurino que ajudam a compor toda a atmosfera do longa.
É uma pena saber que A Serious Man provavelmente saia de mãos abanando no Oscar 2010.
sábado, 6 de março de 2010
Amor sem Escalas
George Clooney é um executivo que tem como trabalho despedir pessoas de outras empresas,ele passa o ano viajando, sua casa sãos os hotéis que dorme,não possui família nem amigos, e gosta de sua vida assim. Ele terá de levar a tiracolo em suas andanças uma jovem executiva que planeja revolucionar seu ramo e se envolverá com uma mulher de negócios em transito assim como ele e de temperamento bem parecido. É uma história de relacionamentos,ou a falta deles,não no sentido amoroso,mas em escala maior, em como se importar com outro ser humano. Bons momentos do longa são as cenas em que vemos Clooney fazendo sua pequena mala,com nada a mais,nem nada a menos,apenas o necessário, e o acompanhamos pelos aeroportos numa edição ágil e precisa pontuando o clima do filme, de rotinas vazias e locais sem pessoalidade. A partir destes momentos podemos compreender o ponto de partida dos personagens que acompanharemos nesta história. O roteiro é cheio de nuances que possibilitam o profundamento da situação de trabalho e vida destas pessoas e como se comportam,entretanto o filme acaba por vezes se arrastando perdendo assim a vitalidade e não ajudando o desenvolver da trama.
É fácil de entender a comoção criada pelo longa nos EUA,o que talvez tenha o feito concorrer a tantos premios. O momento político passado pelo país permeia o filme. Milhares perderam seus empregos com a crise economica e com isto suas casas,seus planos de saude e o dinheiro para mandar seus filhos para a Universidade. A sociedade norte-americana ve o seu "american way of life" ir agua a baixo. Na história contada Clooney,sozinho e como meta de vida acumular milhas de viagem, é justamente aquele que viaja pelo país demitindo milhares pelo caminho, esta massa desempregada ganha voz e rosto nas histórias dos personagens descartados. Talvez seja um jeito de racionalizar e assim tentar entender a barbaridade do começo desta crise,quando enquanto muitos perdiam tudo que possuíam alguns altos executivos promoviam festas nababescas com os bonus extratosféricos ganhados das empresas que ajudaram a afundar. O estilo de vida americana parece dizer o filme não é apenas o self-made man,mas o espírito de solidariedade,família e comunidade.
segunda-feira, 1 de março de 2010
Zumbilandia
Quem é fã do genero vai se decepcionar com o filme, afinal zumbies são apenas pretexto nesta comédia nonsense. O diretor bem que tentou se valer de nomes como de Jesse Eisenberg e Abigail Breslin para dar ao longa um ar mais cult,mas acaba esbarrando em cliches bobos e uma trama bem chatinha.
Depois que um vírus mortal se espalha pelo mundo através de um hamburguer infectado, quatro sobreviventes se encontram em uma rodovia : um caipira maluco, um nerd, e duas irmãs trambiqueiras. Cada um está indo para um lugar, por motivos variados, encontrar um bolinho de creme, rever os pais nunca próximos,se divertir num parque de diversões. Boa sacada do roteiro em ridicularizar os pretensos filmes sérios de zumbies,onde realmente não há um objetivo a não ser sobreviver claro, encontrando o local livre das criaturas.Entretanto existe um porém, a graça destes filmes está justamente na tensão que criam, um numero bem pequeno de pessoas tem de lutar por sua sobrevivencia com milhares de monstros famintos, ao primeiro arranhão se tornam um deles, qualquer lugar que se vá,lá estarão eles e a comida está acabando. O problema em satirizar tudo isto é cair no oposto,nada faz sentido, vamos aproveitar o momento e então os zumbies tornam-se mero detalhe e o espectador fica se perguntando por que é que estou assistindo a tudo isso. A história falha pelo excesso e por não explorar melhor as regras estabelecidas pelo garoto nerd que servem como um manual de sobrevivencia para qualquer filme de terror ( o filme começa utilizando bem este "toc" mas depois se perde pelo caminho).
Melhor esperar A Madrugada dos Mortos 2.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
500 Dia com Ela
O filme conta o namoro que deu errado entre Tom, um garoto sensível, e Summer, uma garota que não gosta muito de se apaixonar. Quando eles se conhecem no trabalho podemos perceber que trata-se de uma tragédia anunciada, numa inversão de papéis, ele se apaixona perdidamente pela garota que parce ideal,pois compartilha os mesmos "gostos estranhos" - como sua irmã caçula diz- que ele, já ela só quer curtir, mas o garoto permanece com sua amada,talvez esperando o dia em que ela visse que ele era seu principe encantado.
O longa não segue uma narrativa linear, indo e vindo nestes 500 dias, nos mostrando Tom depressivo com o término intercalando com cenas do romance. É bem interessante como o diretor resolve cenicamente o clima do personagem através da luz e do figurino. Summer, está invariavelmente de azul ( blue em ingles pode ser triste) e Tom usa cores mais pastéis, quando leva o fora começa a usar roupas cada vez mais pesadas, ou tons ocres. A fotografia nos dias bons é sempre luminosa,ou amarela verão (summer) e vai esmaindo junto com o personagem.
A pessoa ideal muitas vezes pode não corresponder a realidade.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Onde vivem os monstros
O Oscar esnobou Onde vivem os monstros,uma pena porque é um belo filme ( não tão bom quanto os dois anteriores de Spike Jonze, Quero ser John Malcovich e Adaptação,mas muito bom).
Jonze tinha um desafio e tanto pela frente, transformar um livro infantil de 36 páginas em um longa...não infantil! E conseguiu. Alguns críticos discordam e acham o tom da fita ingenuo. Entretanto a história fala de inocencia e perda desta, é o mundo visto sob a ótica de um garotinho de oito anos.
Max é um menino solitário, sua mãe, divorciada, trabalha muito e sua irmã pré-adolescente não tem muita paciencia para suas brincadeiras. Ele resolve fugir , acaba numa ilha habitada por monstros e é coroado rei por estes. Ser soberano de um lugar implica em responsabilidades, em criar um ambiente perfeito para todos e Max vai descobrir que isto não é fácil.
Jonze através da belíssima fotografia imprime um tom poético ao filme, cria a idéia de que as coisas podem ser mais descomplicadas do que achamos, mas também através de planos frenéticos com camera na mão nos tira desse local idílico para nos mostrar o mundo frenético de um garoto de oito anos que quer tudo ao mesmo tempo agora e não tem noção das consequencias de seus atos. Assim o diretor cria um equilíbrio, que ao longo da história vemos o quão é dificil de manter. A incrível trilha de Karen O dos Yeah! Yeah! Yeah! vem para pontuar este clima, hora mais calma e mais instrumental,hora mais rock com seus famosos gritos.
Saímos do cinema com a impressão que tudo pode ser mais simples,mas também que mesmo adultos somos capazes de infantilidades que atingem os outros.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Sherlock Holmes
Charming. É um bom adjetivo para Sherlock Holmes, entretanto não esperem o detetive mais famoso do mundo em casacas xadrez, com cachimbos extravagantes,lupas e ar aristocrático de quem passou talvez por Eton; não, este Holmes é sujo,desleixado, sarcástico,auto-destrutivo e arrogante quanto deve ser Sherlock. Ao seu lado temos o fiel Wattson,que de bobo não tem nada, este médico é esperto,rápido, o unico capaz de segurar as loucuras de seu amigo. Formam um dupla interessante porque neste filme o detetive não leva a melhor em cima do ex-combatente,não existe superioridade, ambos convivem como em simbiose, tão diferentes e ao mesmo tempo o mesmo lado da moeda. Holmes é mais impestuoso e preocupado consigo, Wattson é altruísta e ponderado,só que assim como o amigo tem vícios que não consegue se desvencilhar.
Guy Ritchie coloca seus personagens onde transita muito bem,no submundo, no suburbio,entre os operários,ladrões,trambiqueiros e toda sorte de gente sórdida. Londres mostrada na tela não é de modelo vitoriana,casta e pura, é suja e escura. Neste cenário Sherlock Homes e Dr Wattson tentarão deter o grande vilão,proveniente da aristocracia, que pretende tomar o governo do Reino Unido através da magia.
O filme é bastante ágil e divertido como deve ser um blockbuster,muitas cenas de ação são de tirar o folego e vemos Ritchie exercitar seu lado ironico,atraves de diálogos rápidos e afiados e boas composições de cenas. Ele dá espaço para que Robert Downey Jr e Jude Law criem a vontade e o resultado é visivel na tela. Talvez o unico ponto crítico sejam as explicações dadas por Holmes,a cada mistério desvendado o detetive explica ao seu interlocutor como chegou a tal dedução e acaba tornando a cena didática demais.
Guy Ritchie volta em grande forma depois do desestre de Destino Insólito,Robert Downey Jr confirma a boa fase ( levou ontem o globo de ouro de melhor ator de comedia) e Jude Law volta aos papéis interessantes.
sábado, 16 de janeiro de 2010
Hanami em japonês signica contemplar flores e um festival onde os japoneses sentam-se em baixo de cerejeiras em flor para sua contemplação e confraternizam através de piquiniques. Ritual este muito fora da nossa realidade ocidental,onde mal temos tempo para olhar pela janela do carro,para nós mesmos; o que dirá então para cerejeiras (esta fruto simbólico da efemêridade da vida) ? É este mote que a diretora alemã Doris Dörri discute em seu recente filme Hanami, o tempo efêmero.
Os personagens Trudi e Rudi são casados há muitos anos e levam uma vida tranquila e cheia de rotina numa pequena vila alemã. Um dia Trudi descobre que seu marido está morrendo e prefere não contar ao esposo a terrível notícia dada pelos médicos. Decide então tirá-lo do marasmo em que vivem, leva-o à Berlim para visitar dois de seus três filhos. Entretanto a visita não é bem aceita por estes,que nunca tem tempo para os pais e nem querem se dar ao trabalho de realmente enxergá-los, a única pessoa disposta a ouví-los é a sensível namorada da filha,que os acompanha nos dias em Berlim. A diretora apresenta assim a visão européia de vida, onde a contemplação, o viver em si não possuem espaço e os mais velhos,com outro ritmo e dinâmica,são vistos como um fardo. Através de um fato inesperado, a morte repentina de Trudi, a história muda completamente de rumo e vemos Rudi em direção ao Japão em busca do sonho da mulher, ex dançarina de Butoh, ver o monte Fuji.
Em Tokyo Doris cria um ponto de tensão entre o Ocidente representado pelo terceiro filho do casal,executivo bem sucedido morando em um dos minusculos apartamentos japones,e o Oriente representado por uma jovem dançarina de Butoh que Rudi conhece no parque, alegre,colorida,e misteriosa. A belíssima fotografia do filme empresta tom poético à narrativa, a contemplação das pequenas coisas que não nos lembramos de olhar no nosso dia-dia, o silencio presente fortemente nesta mudança de cenário é um convite a escuta do cotidiano.
Apesar de o filme ir para vertente mais melodramática, a crueldade dos próprios filhos intransigentes para com os pais face a sensibilidade e generosidade de duas estranhas que souberam olhar para o casal, não acaba comprometendo a história,transformando-a em piegas pois a discussão entre morte/ vida, efemeridade do tempo é o que dá o tom e somos convidados a uma bela reflexão sobre nosso ponto de vista sobre estes conceitos. Não é a toa que o Butoh permeia a narrativa, a morte, o terrível,as trevas, o grotesco possuem sua beleza, a beleza da feiuria, das coisas que prefiriríamos não ver.
Destaque para participação especial de Tadashi Endo com cenas do belíssimo espetáculo apresentado aqui no Brasil em 2007 no SESC Santo André.