sábado, 18 de setembro de 2010

Reflexões de um Liquidificador

É gratificante ver o cinema nacional se libertar da polaridade sertão-favela,pois se nos anos 60 existia uma estética muito precisa embasada num contexto político o cinema da retomada a subverteu transformando-a em fetiche, estes locais,esta condição brasileira banalizou-se completamente.
Reflexões de um Liquidificador se insere na safra de longas nacionais com vertente mais indie,que flertam com o absurdo,com o comico. O tal objeto é narrador e personagem principal junto com a ótima Ana Lucia Torres,uma dona de casa simpática que tem como confidente e cumplice seu velho liquidificador,dos tempos de dona de boteco juntamente com seu marido,Onofre. O filme é um delicioso thriller,no qual o mote é o sumiço do esposo de Dona Elvira.
O suspense,todavia,é apenas a desculpa para André Klotzel falar sobre existencia. O Liquidificador quando era apenas um objeto era mais feliz exatamente por ser inanimado,por ser ignorante das complicações do ser,ao obter consciencia o pobre tem de lidar com as consequencias de seus atos e de outros,ele aprende o que é desejo,morte,sobrevivencia. Não é preciso ir muito longe,a cozinha de uma casa de subúrbio já é o mundo.
Vale dizer que Reflexões de um Liquidificador é um filme de atores,com casting preciso,os personagens tipos, estranhos, dão o tom do longa,destaque para Ana Lucia Torres, Selton Mello como liquidifcador e Aramis Trindade como o bizarro investigador Fuinha.

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