domingo, 21 de março de 2010

A Single Man


Belo. Absolutamente belo. Este é A Single Man dirigido pelo estilista Tom Ford em sua primeira empreitada no cinema. Sufocante também, como a vida do personagem principal depois da morte repentina de seu marido há muitos anos. Passado nos liberais mais nem tanto anos 60, o longa mostra um dia específico na vida do professor universitário que perdeu seu grande amor numa tragédia alguns meses atrás e nem pode exteriorizar seus sentimentos afinal a conservadora sociedade norte-americana é aparencias e ele precisa mante-la impecável, como seu terno terno bem cortado,seu óculos estiloso,seu carro chique. Ford consegue imprimir este tom quase impossível de se manter uma vida real em todos os detalhes, na fotografia ora esmaecida,ora vibrante, em cada escolha meticulosa de planos, na direção de arte,nos figurinos e nos corpos, Adonis e Afodites todos os seres humanos. Não é à toa, a comunidade gay vive também de aparencias, o belo é fundamental e ele está presente em cada frame até se tornar insuportável.
Colin Firth está inacreditável no papel principal, tão humano e ao mesmo tempo tão preciso e Julienne Moore dispensa qualquer comentário na pela da amiga rica decadente.

sexta-feira, 19 de março de 2010

A Fita Branca

O homem não é bom. Esta é a premissa de Michael Hanake em todos os seus filmes,não seria diferente em A Fita Branca. Numa pequena comunidade protestante alemã pré-primeira guerra crimes sórdidos acontecem sem que a população descubra os culpados. Se nos outros longas do diretor assistíamos estarrecidos a violencia brutal cometida pelos personagens,aqui Hanake cria uma atmosfera que faz o espectador também ser o agressor.Nisto reside o amadurecimento de sua filmografia e como resultado a tão merecida Palma de Ouro. Nas outras fitas o austríaco trabalha o distanciamento do publico frente a história,é quase impossível se identificar com Isabelle Huppert em A professora de Piano, com a dupla terrível de Funny Games, com a frieza do algóz em Caché nem com o clima hostil em Código Desconhecido,entretanto não são monstros,são seres humanos e é isto que Michael Hanake quer deixar muito claro em A Fita Branca. Não há nada diferente entre eles e nós.
Não é a toa que no longa existem tres persogens chaves, o médico, o pastor e o professor. Os dois primeiros são respeitadíssimos pela comunidade ( e em qual sociedade não o são?),já aquele que detém o conhecimento laico, o que pode operar mudanças naquele pequeno nucleo é fraco, um pouco ridicularizado e possui um sub-emprego, melhor ser alfaiate com o pai do que professor em uma vila. Existe também uma grande gama de personagens,muitos,o que faz com que num primeiro momento venha o questionamento se o roteiro acaba querendo abarcar tudo e não aprofunda em nada,mas o temor é logo dissipado pois todos são a massa obediente,sempre foram,sempre serão,seus filhos,seus netos, todos muito coretos aos olhos da rígida sociedade cristã protestante que não permite falhas,apenas virtudes,na qual tudo é transformado em pecado. É um filme duro neste sentido, a postura dos personagens é engessada como qualquer passo em falso fosse a própria condenação, os que saem do padrão são vistos com maus olhos e sumariamente castigados pelos misteriosos crimes que acometem a vila.Entretanto nem tudo é preto e branco na vida,como mostra a belíssima fotografia em p&b do longa que explora nuances de sombras, texturas da luz dando profundidade para algo que poderia ser facilmente chapado.
Onde entra o espectador? Michael Hanake quando do lançamento de A Fita Branca declarou que cinema era iludir e ele aprendeu bem com Eisenstein como conduzir seu filme. Ele trabalha bem o dilatamento do tempo em algumas cenas que um diálogo banal pode ser algo muito mais perigoso e faz com isso que o publico crie em sua cabeça a continuação da ação, normalmente o pensamento é sórdido, quando a cena se desenrola é sempre inofencivo e foi o espectador sentadinho em sua poltrona, que sempre teve horror dos personagens detestáveis de seus filmes,´quem imaginou pêlo em casca de ovo. O Protestantismo opera assim. A Sociede Cristã como um todo opera assim. Sempre o pecado,sempre o pior.
Somos todos monstros em potencial,não existem inocentes,literalmente.

domingo, 7 de março de 2010

A serious man

A filmografia dos irmãos Cohen é irregular,mas quando acertam, o fazem com gosto e este é o caso de A Serious Man. Em seus filmes o humor negro dá o tom e boas ações nunca são recompensadas,neste longa esta premissa será levada às ultimas consequencias. Os diretores exploram desta sua própria cultura, a judaica, de maneira hilária e nada condencedente.
Larry é um professor universitário que se vê no meio de um turbilhão profissional e pessoal, absolutamente tudo dá errado em sua vida, o que faria qualquer ser humano comum entrar em colapso e cometer algumas loucuras,mas não ele. Como um Jó contemporaneo ele "aceita" as agruras e continua tentando ao menos tocar a vida, e se no Antigo Testamento Deus devolve em dobro tudo que retirou do pobre fiel, aqui os Cohen cinicamente apontam que não há saída.
Além da boa exploração de planos,edição que criam efeito comico nas cenas mais banais, o casting e o trabalho de atores são expetaculares. Os irmãos criam tipos deliciosos que só a simples aparição já vale uma gargalhada. É a velha história de que ninguem pode tirar sarro de voce mais do que voce mesmo, e os dois mergulham fundo no "esteriótipo" judeu. Ponto também para a direção de arte e figurino que ajudam a compor toda a atmosfera do longa.
É uma pena saber que A Serious Man provavelmente saia de mãos abanando no Oscar 2010.

sábado, 6 de março de 2010

Amor sem Escalas

Amor sem Escalas concorre a 5 Oscars e é de se perguntar por que,pois não passa de um filme correto, com destaquepara o roteiro que talvez valesse a estatueta,não mais do que isso.
George Clooney é um executivo que tem como trabalho despedir pessoas de outras empresas,ele passa o ano viajando, sua casa sãos os hotéis que dorme,não possui família nem amigos, e gosta de sua vida assim. Ele terá de levar a tiracolo em suas andanças uma jovem executiva que planeja revolucionar seu ramo e se envolverá com uma mulher de negócios em transito assim como ele e de temperamento bem parecido. É uma história de relacionamentos,ou a falta deles,não no sentido amoroso,mas em escala maior, em como se importar com outro ser humano. Bons momentos do longa são as cenas em que vemos Clooney fazendo sua pequena mala,com nada a mais,nem nada a menos,apenas o necessário, e o acompanhamos pelos aeroportos numa edição ágil e precisa pontuando o clima do filme, de rotinas vazias e locais sem pessoalidade. A partir destes momentos podemos compreender o ponto de partida dos personagens que acompanharemos nesta história. O roteiro é cheio de nuances que possibilitam o profundamento da situação de trabalho e vida destas pessoas e como se comportam,entretanto o filme acaba por vezes se arrastando perdendo assim a vitalidade e não ajudando o desenvolver da trama.
É fácil de entender a comoção criada pelo longa nos EUA,o que talvez tenha o feito concorrer a tantos premios. O momento político passado pelo país permeia o filme. Milhares perderam seus empregos com a crise economica e com isto suas casas,seus planos de saude e o dinheiro para mandar seus filhos para a Universidade. A sociedade norte-americana ve o seu "american way of life" ir agua a baixo. Na história contada Clooney,sozinho e como meta de vida acumular milhas de viagem, é justamente aquele que viaja pelo país demitindo milhares pelo caminho, esta massa desempregada ganha voz e rosto nas histórias dos personagens descartados. Talvez seja um jeito de racionalizar e assim tentar entender a barbaridade do começo desta crise,quando enquanto muitos perdiam tudo que possuíam alguns altos executivos promoviam festas nababescas com os bonus extratosféricos ganhados das empresas que ajudaram a afundar. O estilo de vida americana parece dizer o filme não é apenas o self-made man,mas o espírito de solidariedade,família e comunidade.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Zumbilandia



Quem é fã do genero vai se decepcionar com o filme, afinal zumbies são apenas pretexto nesta comédia nonsense. O diretor bem que tentou se valer de nomes como de Jesse Eisenberg e Abigail Breslin para dar ao longa um ar mais cult,mas acaba esbarrando em cliches bobos e uma trama bem chatinha.

Depois que um vírus mortal se espalha pelo mundo através de um hamburguer infectado, quatro sobreviventes se encontram em uma rodovia : um caipira maluco, um nerd, e duas irmãs trambiqueiras. Cada um está indo para um lugar, por motivos variados, encontrar um bolinho de creme, rever os pais nunca próximos,se divertir num parque de diversões. Boa sacada do roteiro em ridicularizar os pretensos filmes sérios de zumbies,onde realmente não há um objetivo a não ser sobreviver claro, encontrando o local livre das criaturas.Entretanto existe um porém, a graça destes filmes está justamente na tensão que criam, um numero bem pequeno de pessoas tem de lutar por sua sobrevivencia com milhares de monstros famintos, ao primeiro arranhão se tornam um deles, qualquer lugar que se vá,lá estarão eles e a comida está acabando. O problema em satirizar tudo isto é cair no oposto,nada faz sentido, vamos aproveitar o momento e então os zumbies tornam-se mero detalhe e o espectador fica se perguntando por que é que estou assistindo a tudo isso. A história falha pelo excesso e por não explorar melhor as regras estabelecidas pelo garoto nerd que servem como um manual de sobrevivencia para qualquer filme de terror ( o filme começa utilizando bem este "toc" mas depois se perde pelo caminho).

Melhor esperar A Madrugada dos Mortos 2.