sexta-feira, 2 de abril de 2010

Os Inquilinos

Filmes novos de Sérgio Bianchi são sempre acontecimentos pois muitos torcem o nariz de saída antes mesmo de sua exibição. Não para menos, o diretor sempre tão polemico em suas obras costuma receber reações extremadas do público e crítica,reações estas iguais ao clima criado por ele em película, tudo é “oito ou oitenta”, não existe meio termo, o que torna toda história fraca e pueril. Os Inquilinos vem sendo saudado justamente como uma mudança de rumo, o encontro de equilíbrio na sua forma violenta de ver os acontecimentos sociais brasileiros, oprimidos e opressores,muito distintos e separados. Entretanto trata-se mais de uma promessa do que um ato concreto de fato. A boa idéia de montar um terror psicológico com forte carga social esbarra no didatismo sempre presente em seus filmes e na visão simplista dos acontecimentos.
Em uma casa temos a “família de bem”, o chefe de família honesto e trabalhador com dois filhos, na casa ao lado novos vizinhos, jovens e arruaceiros. O longa se passa no mesmo período quando ocorreram os ataques do PCC em São Paulo, 2006,mas aqui a facção recebe o nome de Partido, dando margem a ambigüidade de seu propósito.Quem estava na capital paulista durante o período sabe o terror infligido pelos criminosos a população, principalmente na periferia onde os ataques foram piores, é este clima de medo e insegurança que Bianchi quer explorar na dualidade entre os vizinhos. A família morre de medo da favela, tão perto fisicamente de seu bairro, invadir de fato suas vidas e os novos moradores vindos de lá tornam esta ameaça mais concreta.
Os Inquilinos caminha bem enquanto o terror de ter ao lado possíveis marginais é apenas uma suspeita. Vemos Walter, o patriarca, definhando cada vez mais por não saber como poderá proteger sua família de um perigo tão eminente,por ser tão impotente frente a realidade violenta que o cerca. O espectador se coloca em seu lugar, a duvida crescente sobre a segurança da casa torna-se a do publico, o medo de não reconhecer o outro,de não identificar quem mora ao lado. Entretanto esta realidade hiper aumentada pelas lacunas deixadas pelo roteiro na primeira metade da trama dissipa-se quando descobrimos que sim, os vizinhos são uma ameaça real. A partir deste momento a boa discussão sobre como a cidade grande e o abismo social não permite o contato com o outro perde sentido e torna-se a crônica de uma tragédia anunciada.
Soma-se os clichês abundantes como a cena em que Walter urina em torno de seu muro enquanto olha para seu cachorro,ou o personagem de Caio Blat como alter-ego do diretor, dando voz as mazelas da periferia.
Bianchi tem uma boa idéia, entretanto é incapaz de deixar de lado a verborragia.

Um comentário:

  1. aquela coisa: não ví o filme, mas já sei como é. não adianta o Bianchi ter boas idéias se ele não supreende. e, por favor, causar "medinho" na platéia já não é supreendente há mto tempo!

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