domingo, 17 de outubro de 2010

Como Esquecer


Como Esquecer
se insere numa nova safra de filmes nacionais que positivamente ampliam o leque de temas a serem abordados,neste caso o homossexualismo,tópico ainda timido em produtos nacionais cinematográficos,inexistente na tv (personagens gays castos sem uma vida afetiva digna de nota,assexuados não podem ser considerados).Por reconhecer esta parcela da população nacionalmente com elenco conhecido,fator que atrai publico,o longa já ganha pontos positivos,entretanto filmicamente deixa a desejar em vários aspectos.
O roteiro é adaptado do romance homonimo,os roteiristas optaram por manter a literalidade na versão cinematográfica o que torna os diálogos em alguns casos duros,engessados,e por também manter o fluxo de pensamento de Julia,a personagem principal, em voz off,dando um tom piegas e maçante em muitos momentos,por tornar tudo muito literal e repetitivo. É possível compreender de onde o fluxo de pensamento intenso vem,Julia é professora de literatura inglesa,o nome de Virginia Woolf é citado durante uma das cenas,vale lembrar que os romances da autora valem-se e muito deste diálogo do inconsciente,a grande dificuldade é como transformar esta voz interna em algo concreto na tela,uma maneira muito feliz foi a do longa As Horas,guardadas as devidas diferenças de estilo,história entre o filme ingles e o nacional,o roteirista deixou a força latente da personagem justamente para as atrizes,na interpretação,coisa que seria sim possível para Como Esquecer,pois a personagem mais bem construída e estruturada é Julia interpretada por Ana Paula Arósio,ao invés de tanta narração em off da atriz era possível deixar em nuances,em opções cênicas a dor da personagem; a atriz global mostra amadurecimento em sua interpretação e conseguiria bancar uma opção mais ousada de personagem.
Outro ponto negativo do roteiro são as lacunas deixadas,fios soltos que não se amarram,personagens jogados sem propósito,e o tom drama lésbico cliche impresso,dramático ao extremo,falta muitas vezes delicadeza na condução da história.
Apesar destas falhas reitero a importância de sua realização,ao entrar na sessão ontem a noite verifiquei o publico misto de héteros e gays,com predominância do segundo grupo,existia uma excitação normal na platéia,extremamente participativa,por ser algo novo e diferente de se ver em circuito nacional, poder ter a real identificação com aquele que esta na tela é algo mais raro para o publico GLTB ( toda história boa é universal,mas muito fácil quando se é hetero e todas as histórias de amor,drama são feitas neste padrão).


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