quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Street Car Named Desire - Elias Kazan

O blog inicia sua jornada com um dos filmes mais importantes do século XX, A Street Car Named Desire de Elias Kazan. Longa que mudou o paradigma de atuação no cinema e nos apresentou o naturalismo.
Boa Leitura!


Nova York, 1947, Elia Kazan dirige a primeira montagem de Street car named desire .No papel de Stanley, um jovem ator recém saído do Actor Studio fundado pelo diretor.Em 1951 Kazan leva as telas a peça, e mais uma vez sr Kowalski fica a cargo do ator até então desconhecido.O mundo descobre Brando, e junto descobre Stanislavski.
Quem?Um russo!Ator e diretor que há muito vinha procurando uma nova atuação, ou o leitmotiv dos atores. Antes de seu propalado método a atuação era mecânica e vazia de significado, não raro beirando ao exagerado estereotipo. Stanislavski indagava desesperadamente sobre o processo de atuação.Para o diretor era uma questão de trabalho pesado, repetição atrás de repetição, todavia nunca mecanizado.Um gesto nunca poderia ser vazio, é sempre preciso vida e verdade! O ator precisa ter consciência de seus movimentos, saber quem é. A cada personagem, personalidades diferentes, é necessário, portanto, saber quem representa, quais as reações prováveis, o que sente e como. Em My life in art Stanislavski escreveu “ no one knows what will move his soul ( sobre o ator), and open the treasure house of his crative gifts.The creativness of na actor must come from within”
Kazan admirado com essa busca interior da atuação funda com outros colegas o Actor Studio e passa a aplicar a classe artística norte-americana o método que revolucionou teatro e cinema no século XX.
Não se pode imaginar Gary Cooper, Gregory Peck, nem Cary Grant na pele de Stanley, o resultado seria mais que desastroso. O bom mocismo frígido não se encaixa no imigrante bruto.Para esta personagem era necessário alguém animalesco, puro instinto, era preciso exalar sexo, desejo carnal e de morte. O publico é então apresentado a Brando, calça jeans, camiseta branca apertada, másculo. Seu rosto possui marcas, é sofrido, sua voz é esganiçada, na potente fake como as dos mocinhos. Ei-lo Stanley Kowalski em carne e osso.Em oposição existe Blanche, papel dado a Vivien Leigh, vinda de outra tradição teatral.Exagerada, histriônica, mas é o que Srta Du Bois pede, pois não conhece medidas.
Kazan consegue ao unir as duas escolas a diferença e antagonismo que existe entre as personagens. Com sua câmera disseca essas duas almas atormentadas.
O diretor levou as salas de cinema um realismo , o qual as platéias não estavam acostumadas a ver; não se tratava de uma história com happy end, nem de luta do mocinho pela mocinha. Eram dois anti-heróis lutando pela sobrevivência no meio a degradação, enquanto tudo a sua volta ruía.
Para levar sua história a diante Elai Kazan entrou em atrito com a Legião da decência reguladora do Código de Produção.Hollywood era controlada pelo puritanismo norte-americano ( hoje em dia é apenas o capital, mas dá na mesma, uma vez que os produtores de grandes produções ainda detém poder maximo dentro de um longa, contratando e demitindo quem bem entenderem.Por isso muitos diretores e astros abrem suas próprias produtoras, para poderem ter total liberdade de criação), tudo que fosse considerado imoral para família norte-americana era censurado.O diretor conseguiu terminar seu longa, tornando-se pioneiro de uma luta contra o poder abusivo dos estúdios, que mobilizou Billy Wilder, Richard Brooks, Arthur Penn e Sm Peckinpah. Entretanto o estúdio suprimiu dois elementos importantíssimos presentes no filme: o Jazz que intermeia toda peça, dando aos negros alguma voz e demonstrando para platéia que era no máximo esta posição que ela permitia aos afro-americanos.A trilha usada foi convencional, por ser considerada menos “lasciva” e “subversiva” . E o final, conferindo uma moral edificante a história.
No texto de Tennessee Williams Blanche, impossibilitada de viver num mundo ideal, enlouquece gradativamente até sua derrocada, sua violentação por Stanley lhe retira qualquer resto de pureza que poderia existir.Obrigada a viver nesse mundo perdido é agora expulsa por aqueles que a levaram a destruição . Está só, irremediavelmente só, dependendo apenas da bondade de estranhos, como ela mesma coloca.Stanley continua em sua vida de jogatinas, bebidas, Stella escolhe o mundo do marido, conseqüentemente rejeita a irmã.Contudo na adaptação para o cinema se o desfecho trágico de Blanche permanece o mesmo, Stanley precisa pagar caro pelas atrocidades que cometeu. A noção de justeza tão presente em filmes norte-americanos aparece aqui, Kowalski destruíu a mulher que levava em seu estado bruto toda pureza e virtudes necessárias ao ser-humano. O final do polaco é o mesmo destinado a parcela da sociedade marginalizada, por ser considerada menos moral, ou não dignos. Só, enquanto sua esposa escolhe a “dignidade” o publico vê o rosto débil de Stanley urrando em grito animalesco de dor: STELLA!!!

Postado por Malu Andrade

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