sábado, 3 de outubro de 2009

Pipilotti Rist no Paço e no MIS

Semana que vem abre duas exposições de Pipilotti Rist em São Paulo. Para quem não conhece,é uma artista suíça que trabalha com video-arte, muito ligada a video-instalação e a performance.
Ocorreram dois encontros com ela no MIS quinta e sexta.Tive a oportunidade de ir ao primeiro,onde além de Rist estavam Solange Farkas,presidente do Vídeo Brasil e Wagner Morales,artista. Apesar da conversa não caminhar para o cinema expandido,fiquei com esta questão quando Pipolotti disse que gostava de subverter rituais,no caso o papel o espectador sentado,vendo uma imagem numa tela retangular.Por se tratar de vídeo,ela tenta retirar suas imagens da telinha pequena de um monitor de tv, e o publico tem seu corpo cotidiano afetado na medida em que seus trabalhos propoem um deslocamento do olhar e do corpo, as imagens são projetadas em mobílias em angulos não convencionais,no teto,no próprio corpo do espectador.Não tem como ficar passivo ao que acontece. A arquitetura ganha importancia junto com o vídeo e os dois compoem a obra.
No cinema,o que temos? A tela e a sala,uma caixa preta onde todos se sentam para ver o que será projetado,uma narrativa. Falar que o cinema é passivo seria erroneo, pois muitos filmes nos provocam,nos trazem reflexão e desconforto,mas existe uma parcela da industria cinematográfica hollywoodiana que tem por objetivo apenas criar o entretenimento ,o espectador senta,assiste àquelas imagens acompanhadas de pipoca,esquece do mundo exterior,depois volta para casa. Corpo e mente passivos.
Ao mexer na própria arquitetura,o corpo já cria uma nova vida, e traz a reflexão do porque daquelas imagens estarem ali. Que tipo de imagens e que tipo de publico este cinema expandido quer? Qual o limite entre a sétima arte e o vídeo?Qual o espaço para cada um ? Seria a narrativa a esfera do cinema, e a não- narrativa a do vídeo?
São questões que eu me coloco. Em primeiro lugar,porque o cinema mudou muito,o que mais dá lucro aos estúdios são os dvds, hoje é possível fazer um download de um filme e assistí-lo no iPod, ou seja da comunhão anterior,onde muitas pessoas em uma sala escura compartilhavam de uma mesma experiencia,em sua solidão de seu assento, resta pouco,uma vez que agora é possivel não compartilhar absolutamente mais nada em telinhas cada vez menores. E a vídeo- arte?É possivel ver trabalhos na net,mas alguma coisa se perde pois o espaço faz parte do trabalho, não precisamos mais da arquitetura do cinema,mas precisamos da galeria?
Em segundo, o tema da narrativa acaba sendo cada vez mais presente em ambas as esferas. Assisti Cremaster ( parte I e V) de Mathew Barney no Itau Cultural este ano,sentada na sala de cinema deles. Assisti ao ultimo filme de David Lynch, Império dos Sonhos, no dvd. Longa,que concorreu a todos os Festivais importantes, e ninguém contestou se era "cinema" ou não. Digo isto,porque trata-se de um filme sem nenhuma narrativa, cenas independentes,que não faz a menor importancia em qual ordem o espectador vai assisti-las,nem se vai ver todas. Já em relação ao filme de Barney,não é possivel ve-lo em dvd,muito menos em salas comerciais, a relação dos locais de exibição mostra gerelmente museus, galarias,centros culturais, festivais de cinema experimental. E qual a diferença entre um e outro?
São apenas colocações sobre a expansão do cinema e seus desdobramentos. Eu não tenho respostas,apenas muitas questões, e deixo em aberto para reflexões de cada um.

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